estamos em um outro tempo agora,
como se o vento, a chuva de ontem, as flores que surgiram
(algumas bem estranhas, exigindo cuidados e aflições)
dissessem: olhem mais devagar
nem mais acreditar em poemas
as palavras tão incômodas como o pó que se acumula insistentemente
entre os livros da estante,
não lidos, não consultados, nenhum poema desperto de seu marasmo
o latido de um cão, na rua, pode muito mais do que um verso
a sua quase lágrima, se eu dissesse ou quando eu dissesse:
"Você está tão errada que eu não vou nem discutir..."
tem a força quieta do silêncio que nenhuma metáfora
[jamais romperia
intrigadíssima, abismada e inútil como um esquilo
que rompe o primeiro gelo do inverno
com o casco de uma unha, sem resposta
e ainda assim,
aguardante
Para que depois, bem devagar, possa colher as pétalas que caem
no outono de teu sopro, ao anoitecer
O Universo & Outras Ficções, de Carlos Alberto Machado.
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Uma das principais características de *O Universo & Outras* *Ficções*, de
Carlos Alberto Machado (C.A.M.), com edição de Companhia das ilhas, no
corrente...
Há 5 anos
2 comentários:
Essa primavera de palavras, nem ouso discutir, e as vezes os poemas tão claros que incomodam mesmo, pois está tudo ali, sem que se pense, que se duvide, que se diga, ah!
e ainda assim
Aguardente.
Abço guria linda!
Pronuncio-as em ordem de batalha!
Saudades de ti.
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