os três e eu ali éramos
uma pequena estrutura de desastre
pronta para ser ativada
quando eu começasse a falar
antes de chegarmos à sala
onde aconteceria a defesa da tese
(sim, é disso que trata o poema
- e não do fato de aquele especialista
tomar o autor como sua propriedade)
antes, como já mencionado
no quinto verso
fui a um café com um amigo
e ele me perguntou se eu estava preparada
nesse mesmo instante,
a moça do café se aproximou
e como uma criança prestes a ouvir
a primeira palavra de um ditado
aguardou em silêncio
- não uma resposta ao que o amigo
perguntou-
mas o pedido que deveríamos fazer
Nisso o chão se abriu
e no momento seguinte
estávamos eu e os três ali
dentro daquela sala
sem que eu pudesse gritar
meus dedos percorreram trêmulos
a borda da carteira
naqueles lugares secretos
onde se largam os chicletes
eternamente gastos e sem gosto
onde se largam os chicletes
eternamente gastos e sem gosto
à procura de algum dispositivo
capaz de livrar-me de um
previsível espetáculo de execução
então comecei a falar
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