terça-feira, 8 de março de 2016

Águas de Ariel

Para Ariel Nobre

Ariel, agora, daqui desta janela
O céu é cinza e o vento forte anuncia chuvas
Não tenho mais medo de chuva, Ariel
Bebo a água das tempestades
E danço no jardim entre relâmpagos e trovões
Arco retesado a quem desejar te ferir

Somos a promessa de Athena
Nossos corpos, nossas regras:
Rachar a cabeça de Zeus
Extirpar costelas até abrandar
A pele dura do antigo homem
Declarar a existência híbrida e pura
Sonhar Ser; tornar-se Ser

Ao longe, o azul das montanhas celebram
O encanto de tua ousadia
Nesses tempos intranquilos
Em que corpos de mulheres
São silenciados e assassinados
Teu corpo, maior que a tarde,
Projeta-se além de estrelas e estradas
O novo menino parido de si
Inteiro e estonteante
Ariel, Ariel
Todas as águas murmuram teu nome

Nenhum comentário: